Volare aposta em nova tendência de mercado que exige participação do fabricante de ônibus em toda a vida do produto. Além disso, marca apresenta diversificação do uso do veículo.
Volare Anjo Azul revela uma nova fase do setor de ônibus. Não basta produzir e vender veículos. As fabricantes também devem prestar serviços e assistência. O ônibus oficina, comercializado para concessionários, vão onde os veículos precisarem de socorro. Foto: Adamo Bazani. A Volare, empresa do Grupo Marcopolo, especializada no segmento de minionibus, parte agora para um voo mais alto. A companhia que detém mais de 60% das vendas deste tipo de veículo, investe mais pesado agora no tratamento diferenciado aos donos de minionibus da marca e usa seus produtos para atender outros mercados, além do segmento de transporte de passageiros. “O atendimento completo ao cliente desde a venda e entrega do ônibus até a manutenção e orientação a quem possui o produto é uma tendência irreversível no mercado. E quem não seguir esta tendência vai acabar perdendo” – disse Mateus Ritzel, gerente nacional de vendas da Volare, durante a apresentação de 22 das 27 unidades já produzidas do minionibus Volare Anjo Azul, que ocorreu nesta quarta-feira, dia 09 de maio de 2012, na sede da Fundação Marcopolo, em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, e que foi acompanhada pela reportagem do Blog Ponto de Ônibus / Canal do Ônibus. O veículo é voltado para concessionários da marca e trata-se de uma oficina móvel. O objetivo é ampliar o conceito de atendimento ao dono de ônibus e ser um complemento da rede exclusiva da marca. Com o Anjo Azul, a oficina vai até o ônibus quebrado, evitando os transtornos e custos, além da perda de tempo, com o guinchamento e permanência do veículo na oficina. “Cerca de 80% dos problemas mecânicos que um ônibus apresenta na rua ou estrada podem ser resolvidos na hora sem a necessidade de encostar o veículo em uma oficina mecânica” – explicou Heiko Flöther, coordenador de engenharia comercial da Volare – Marcopolo. Segundo ele, o atendimento em campo representa rentabilidade para o dono do ônibus. “O serviço do Anjo Azul se torna essencial para o tipo de fortista Volare. Cerca de 80% de nossos compradores são pequenos e médios investidores que possuem poucos ônibus ou até mesmo um veículo apenas. Se seu ônibus fica parado na oficina, o negócio inteiro dele para também” – salientou o gerente de vendas da Volare, Sidnei Vargas. O Volare Anjo Azul é uma oficina composta por dois ambientes, um voltado para a área mecânica e outra divisão para a elétrica e eletrônica. São duas segmentações diferentes hoje presentes nos veículos modernos que exigem procedimentos e equipamentos específicos. |
Heiko Flöther, coordenador de engenharia comercial da Volare – Marcopolo, explica que o Anjo Azul foi desenvolvido no final do ano passado depois de solicitações e reclamações dos clientes quando à demora e dificuldades de atendimento, principalmente em locais mais distantes. O Anjo Azul possui os principais equipamentos de uma oficina fixa tradicional e é dividido em duas partes: elétrica / eletrônica e mecânica, dois segmentos diferentes que necessitam de ferramentas e serviços especializados. Foto: Nicolle Fantinati Os principais itens encontrados numa oficina estão presentes no Volare Anjo Azul, como prensa hidráulica, torno, lavadora de peças, furadeira de bancada, esmeril, bancadas mecânicas, fontes elétricas, compressor de ar e gerador de energia elétrica. O ônibus pode inclusive fornecer energia para o veículo que precisa de socorro. Há também equipamentos para atenderem problemas de injeção eletrônica. Já são 27 unidades deste tipo no Brasil. Até fevereiro de 2013, serão 75 Anjo Azul no total. A expectativa da marca é que as 110 concessionárias completas que formam a rede de venda e pós venda devam ter pelo menos um ônibus oficina deste tipo. Para o mercado externo, também até o próximo ano, devem ser comercializadas cerca de 20 unidades. O atendimento é 24 horas durante todos os dias da semana. Os ônibus que transportam passageiros não param e os que dão suporte a eles também não podem parar. Heiko Flöther, coordenador de engenharia comercial da Volare, explica que o nome Anjo Azul, que inclusive está registrado pela empresa, vem no sentido de anjo como protetor, salvador, prestador de socorro. Ele se recorda dos tradicionais Anjos Amarelos criados nos anos de 1950 pelo Clube do Automóvel da Alemanha. Pintados na cor amarela, para melhor visualização, os carros atendiam os veículos com problemas mecânicos no meio do percurso. Cerca de 80% dos casos eram resolvidos na hora. A nomenclatura anjo foi dada pela própria população. O Anjo Azul na verdade é composto por outros anjos. São os técnicos que fazem parte da equipe de cada veículo. Além do treinamento técnico e dos treinamentos permanentes, a equipe que atende com um uniforme próprio de serviço, recebeu treinamento comportamental. “Os profissionais têm de saber lidar com situações adversas. Em muitos casos, os passageiros estão nervosos com a quebra do ônibus, o motorista preocupado, e os técnicos têm de tratar da melhor forma possível estes episódios” – completa Heiko Flöther. Estes “anjos profissionais” têm um ambiente propício para trabalhar. “Eles podem atuar em pé, protegidos do tempo dentro do ônibus, com ar condicionado, diferentemente quando o socorro é feito por carros pequenos cujos serviços são realizados do lado de fora. Eu já trabalhei desta forma e sei o quanto é ruim. Numa condição de trabalho melhor, o serviço sai com mais qualidade” – completa Heiko. EXIGÊNCIAS DOS CLIENTES E DESENVOLVIMENTO: |
Um dos mais tradicionais conceitos de atendimento a veículos com defeitos mecânicos no local das quebras surgiu na Alemanha nos anos de 1950. Cerca de oitenta por cento dos casos eram resolvidos nas ruas e estradas pelos carros amarelos do Clube do Automóvel do País. Por ter este caráter de atender rapidamente em situações de necessidade, o serviço foi apelidado de Anjo Amarelo pela própria população. Foto: Dayerses.
Verificando os registros de sugestões e reclamações do serviço de atendimento ao cliente, a Volare percebeu que entre as principais queixas estava o tempo perdido nos socorros, principalmente em distâncias maiores e quando os minoonibus tinham de ficar parados nas oficinas.
Veio assim a ideia de levar a oficina até o dono do ônibus.
Esta ideia surgiu em outubro do ano passado e já em dezembro foi apresentado o primeiro protótipo. Tudo foi feito levando em consideração sugestões de frotistas e dos concessionários.
Cada veículo custa em média R$ 240 mil e o projeto foi de cerca de R$ 6 milhões.
Todos os ônibus Anjo Azul atendem às exigências de redução de emissão de poluentes da fase P 7, do Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores do Conama, Conselho Nacional do Meio Ambiente, baseadas nas normas Euro V, em vigor na Europa desde 2009 e no Brasil desde janeiro de 2012.
O veículo foi projetado no modelo V 8, com PBT – Peso Bruto Total de 8 toneladas, ou seja, o veículo tem condições de sobra para suportar o peso de todos os componentes necessários da oficina tanto da parte elétrica e eletrônica como para a mecânica.
O motor é um Cummins de 162 cavalos de potência e o torque (força) é de 600 Nm.
O tamanho do minionibus, segundo a Volare, é ideal por não se tratar de um veículo nem extremamente pequeno, que não comportaria todos os equipamentos, e nem grande demais, o que tornaria os atendimentos em áreas de difícil acesso e com pouco espaço quase impossíveis.
ÔNIBUS MUITO ALÉM DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS:
Além do Anjo Azul, outra prova de que a tendência do mercado não é mais de uma fabricante se “limitar” a fazer ônibus, é a previsão da Volare em diversificar as aplicações de seus produtos.
Para isso, a companhia de Caxias do Sul oferece o Volare Utile.
É a mesma base do veículo onde é implementado o conceito do Anjo Azul, mas cada minionibus é personalizado e pode atender a diversos ramos diferentes.
A Volare anunciou que entra no mercado de furgões. O Utile é uma espécie deste veículo.
Trata-se de uma carroceria sem as janelas depois da região onde fica o motorista.
É possível transformar o veículo em ambulâncias, delegacia, expositores, laboratórios, carros de ação promocional ou mesmo em oficina voltada para frotas de ônibus de outras marcas, de caminhões, táxis, de mineradoras, do setor agropecuário, entre outras.
“Prevemos um mercado que precise entre 7 mil e 8 mil veículos nos próximos anos” – revela Mateus Ritzel, gerente nacional de vendas da Volare.
A empresa estima 20 matrizes que possam atender a cerca de 80 segmentos.
O minionibus pode ser produzido sob medida de acordo com as necessidades de cada cliente.
“Sendo assim, não é uma comercialização e uma produção rápidas. Estudamos o que o cliente solicitou para colocarmos em prática e isso demora um certo tempo” – completa Mateus Ritzel.
Clientes para o Volare Utile não faltam. Já vem sendo desenvolvido um lote de 85 miniônibus para auxiliar o Corpo de Bombeiros.
Os ônibus vão transportar os tanques de água e todo o sistema de bombeamento até os locais das ocorrências.
A vantagem é que o minionibus é um veículo menor que os tradicionais caminhões bomba e podem chegar com mais agilidade ao destino e em áreas com menor espaço.
A Companhia Vale do Rio Doce, atuando em áreas de mineração, portanto, de difícil acesso, também solicitou produtos da marca por conta da flexibilidade. A empresa pediu um ônibus com tração nas 4 rodas e ainda com retarder.
Na edição deste ano da Agrishow, uma das maiores feiras de agronegócios da América Latina, o Volare agradou diversos empreendedores, de acordo com a companhia.
O Volare para serviço de apoio chama a atenção pela versatilidade e flexibilidade em áreas de tráfego e acesos difíceis.
Além da plataforma do V 8, o veículo para diversos segmentos pode usar outros modelos da gama da Volare, entre eles o de tração 4 x 4, hoje muito usado para transporte de estudantes em regiões rurais, inclusive pelo Programa Caminho da Escola, do Governo Federal.
Diversificando o conceito de ônibus, a Volare quer fazer uma espécie de blindagem contra a concorrência. Primeiro com assistência técnica e garantia de atendimento em socorros de forma diferenciada.
Depois pela personalização de seus produtos.
O Volare Anjo Azul, a oficina móvel, foi encarado como uma estratégia pela empresa a tal ponto que, segundo a fabricante, ele é repassado a preços próximos de custo para as concessionárias, ou seja, não é um veículo para a Volare lucrar com a venda dele, mas para chamar novos clientes pelo apelo do pós venda e fidelizar os já existentes.
As concessionárias além de gozarem de preço de custo, de acordo com a companhia, também tiveram condições favoráveis de financiamento.
Todos eles saíram pela linha Finame PSI, operada neste caso pelo banco Moneo, pertencente ao grupo da Marcopolo.
O veículo pode ser parcelado em 96 vezes. Como trata-se de um carro oficina, não precisa seguir às exigências de idade máxima de frota de cada região, assim pode ser usado por longo período, até por mais de 20 anos dependendo da conservação.
O Anjo Azul e o Utile revelam uma nova fase do setor: o ônibus agora não serve apenas para transportar passageiros.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes, viajou para Caxias do Sul a convite da Volare, com a equipe composta por Cláudio Lopes e Nicolle Fantinati.
Fonte: Onibus Brasil
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