sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mais que uma encarroçadora, uma montadora de veículos

Com nova planta em Lorena, no Interior Paulista, a Comil promete inovar a forma de fazer ônibus no País
ADAMO BAZANI – CBN
A Comil entra para uma fase de muito mais que fabricar carrocerias, ser uma montadora de veículos”.
A frase do diretor geral da fabricante, Silvio Calegaro, mostra o que o mercado pode esperar da marca com sede em Erechim, no Rio Grande do Sul, com a inauguração de uma planta na cidade de Lorena, no Interior Paulista.
O executivo diz que essa nova fase se dará por conta das tecnologias avançadas que serão aplicadas na produção dos veículos.
Hoje a produção de ônibus como um todo ainda é muito artesanal. Vamos padronizar as formas de construção e montagem das carrocerias, diminuindo as oscilações entre as unidades, mas respeitando a característica do mercado que apresenta necessidades de configurações diferentes entre as regiões” – disse Silvio Calegaro.
O executivo e outros representantes da empresa, o prefeito de Lorena, Paulo Cesar Neme e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assinaram ontem no Palácio dos Bandeirantes, na Capital Paulista, o protocolo de intenções para a construção da unidade fabril, no Vale do Paraíba.
Com investimentos na ordem de R$ 110 milhões, o empreendimento deve gerar 500 empregos diretos e mais mil empregos indiretos.
Mas a perspectiva do prefeito de Lorena, Paulo Cesar Neme, é que a geração de empregos seja maior ainda com o tempo.
Tenho certeza que a presença de uma indústria do porte da Comil em Lorena vai atrair outros investimentos, empresas da cadeia produtiva. Lorena abre os braços para São Paulo retomar totalmente sua condição de locomotiva do Brasil” – disse o prefeito.
Ilustração de como deve ser a fábrica da Comil em Lorena, no Interior Paulista. De acordo com a Comil mais tecnologia e novos métodos de produção inauguram uma nova fase da indústria, passando de uma encarroçadora para uma montadora de veículos. Em uma área de 216 mil metros quadrados, com investimentos de R$ 110 milhões, unidade deve gerar 1,5 mil empregos entre diretos e indiretos. Foto/Ilustração: Comil
Ilustração de como deve ser a fábrica da Comil em Lorena, no Interior Paulista. De acordo com a Comil mais tecnologia e novos métodos de produção inauguram uma nova fase da indústria, passando de uma encarroçadora para uma montadora de veículos. Em uma área de 216 mil metros quadrados, com investimentos de R$ 110 milhões, unidade deve gerar 1,5 mil empregos entre diretos e indiretos. Foto/Ilustração: Comil
O governador Geraldo Alckmin, em seu discurso, disse que se empenhou para a vinda da Comil para o Estado de São Paulo.
Confesso que raras vezes me empenhei como agora para trazer uma indústria para São Paulo. E a Comil fez uma excelente escolha ao optar por Lorena, uma das mais importantes esquinas do Brasil, com fácil acesso para Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo” – disse Alckmin.
Ele negou que São Paulo, vítima da Guerra Fiscal, que fez o Estado perder várias indústrias, esteja dando o troco com a mesma moeda.
São Paulo tem uma economia de 42 milhões de habitantes. O PIB do Estado é 1,6 vezes maior que da Argentina. Não participamos de Guerra Fiscal. O Estado é atraente e o que fazemos é dar condições para quem quer se instalar, quem quer investir.” – declarou o governador Geraldo Alckmin que anunciou melhorias nas marginais da rodovia Presidente Dutra nas proximidades das instalações.
A localização de Lorena, além dos incentivos, foi um dos principais pontos para a Comil decidir pelo Vale do Paraíba.
A planta vai produzir exclusivamente ônibus urbanos. Cerca de 60% destes veículos feitos pela Comil tem mercado concentrado em São Paulo, Minas Gerais e Belo Horizonte. Os maiores fornecedores de chassis para nossos produtos urbanos estão no Sudeste. A nova fábrica em Lorena fica a 80 quilômetros da MAN – Volkswagen Caminhões e Ônibus (que fica em Resende, no Rio de Janeiro) e 180 quilômetros da Mercedes Benz (localizada em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista).” – explica o diretor da Comil Silvio Calegaro que acrescenta:
Os prédios desta nova unidade serão feitos pensando na produção. Não serão prédios ocupados por uma fábrica. Tudo será feito de forma a agilizar a fabricação. Essa unidade do Sudeste já sai com uma vantagem logística pela sua localização. Não para por aí, com processos e produção mais modernos os ganhos para a Comil, os clientes e os passageiros serão maiores ainda” – disse Silvo Calegaro sobre a planta que terá capacidade para produzir até 20 carrocerias por dia. A área ocupada é de 210 mil metros quadrados.
O diretor da Comil não descartou a possibilidade de além da linha de urbanos já em produção pela empresa, em breve serem lançados novos modelos e configurações de urbanos na planta de Lorena.
O governador Geraldo Alckmin destacou a importância de a indústria se empenhar em fazer ônibus cada vez mais modernos e confortáveis.
A boa política é aquela que estimula a mobilidade urbana, o transporte coletivo de qualidade. O poder público faz a sua parte e a população também espera ônibus confortáveis e de qualidade” – disse Alckmin.
Mesmo com o mercado desaquecido este ano, por conta das renovações antecipadas de frota devido à mudança de tecnologia de combate a poluição que em 2012, deixou os ônibus e caminhões mais caros, a Comil olha para a frente.
Neste ano, a empresa espera igualar o desempenho de 2011, que foi positivo, ou ter uma queda de no máximo 5% nos negócios.
Mas 2012 não pode ser considerado como referência.
As perspectivas de médio e longo prazos são positivas por conta da modernização dos transportes nas cidades e da movimentação maior de investimentos gerados por eventos de grande porte, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
E a maior demanda destes eventos será por ônibus urbanos, embora que para outros modelos, o mercado também vai registrar crescimento.
Por isso que com a nova fábrica em Lorena, a capacidade geral da Comil dobra. A planta em Erechim, no Rio Grande do Sul, amplia para 100% a capacidade de fabricação de rodoviários e em Lorena, a empresa terá uma capacidade de 100% para fazer ônibus urbanos.
Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assinou protocolo de intenções no Palácio dos Bandeirantes para a instalação da fábrica em Lorena. Alckmin disse que vinda de empresa para São Paulo não foi fruto de guerra fiscal e sim de incentivo legal a quem quer investir. Foto: Adamo Bazani.
Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assinou protocolo de intenções no Palácio dos Bandeirantes para a instalação da fábrica em Lorena. Alckmin disse que vinda de empresa para São Paulo não foi fruto de guerra fiscal e sim de incentivo legal a quem quer investir. Foto: Adamo Bazani.
Ônibus urbano da Comil: produção vem para São Paulo. Fabricante vai concentrar a produção de veículos deste segmento na planta que vai ser inaugurada no ano que vem em Lorena, no Interior Paulista. Com isso a capacidade de produção de rodoviários em Erechim, no Rio Grande do Sul, vai ser ampliada em 100%, e a de urbanos com uma planta única cresce na mesma proporção. Foto: Adamo Bazani
Ônibus urbano da Comil: produção vem para São Paulo. Fabricante vai concentrar a produção de veículos deste segmento na planta que vai ser inaugurada no ano que vem em Lorena, no Interior Paulista. Com isso a capacidade de produção de rodoviários em Erechim, no Rio Grande do Sul, vai ser ampliada em 100%, e a de urbanos com uma planta única cresce na mesma proporção. Foto: Adamo Bazani

UM SONHO, UM PROJETO E UMA REALIDADE

Em outubro do ano de 2005, de um sonho da família Corradi, uma das fundadoras da Comil, nascia um projeto: o U 2012. U de urbano e 2012 para quando era prevista a finalização de uma nova planta. O ano atrasou um pouco, já que a nova fábrica deve estar pronta no final de 2013: variações de mercado e necessidades de estudos detalhados para a decisão certa justificam o atraso que acabou sendo até benéfico pelo fato de o ano de 2012 não ser um dos melhores da indústria de ônibus.
A Comil, de acordo com o diretor Silvio Calegaro, pesquisou, além de Lorena, cidades no Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Deoclécio Corradi, um dos fundadores da Comil, e presidente do conselho de administração da empresa, diz que o sonho para a produção no Sudeste foi crescendo junto com a Comil.
Quando em 1985, junto com a família Mascarello, adquirimos a Incasel (Indústria de Carrocerias Serrana Ltda) fomos corajosos. Não tínhamos experiência em carrocerias de ônibus, trabalhávamos com silos de armazenamento. Primeiro focamos o mercado que já pertencia a Incasel e com a aceitação de novos clientes e aproveitando bem os bons momentos do país e agindo corretamente nas épocas mais difíceis, fomos crescendo até que hoje o projeto U 2012 deixa de ser um projeto e parte para a realidade” – disse Corradi que se apaixonou pelo mundo dos ônibus.
A maior presença da Comil em São Paulo se deveu também a ação de pioneiros da marca.
Um deles é Fermino Kozak, representante da companhia em São Paulo.
Fermino conta que um sonho de 40 anos se realiza agora.
A Comil é muito ligada às raízes históricas. Assim, sua diretoria considera a época da Incasel, onde comecei minha carreira com ônibus. Vim para São Paulo com o objetivo de fazer um porta a porta com os empresários e expandir a marca. E deu certo. A implantação de uma fábrica no estado de São Paulo para mim é a concretização de um sonho de 40 anos. E tenho certeza que a presença da unidade em Lorena vai atender melhor os clientes do Sudeste e chamar outros novos para a Comil” – disse Kozak que começou na Incasel com o objetivo de participar do time de futebol da empresa e acabou se apaixonando pelo mundo do ônibus.
A nova planta abre espaço também para o crescimento de rodoviários esperado pela Comil que terá a sede de Erechim todinha para estes veículos.
No ano passado, a Comil teve crescimento de produção em relação a 2010 de 27% passando neste intervalo de 3,1 mil unidades para 4,1 mil unidades.
A receita total da empresa foi de R$ 595,46 milhões. Mas o destaque de crescimento ficou por conta da linha Campione de rodoviários, que teve acréscimo de 40% na produção, com 1.798 veículos.
O município de Lorena e o Estado de São Paulo como um todo abriram os braços para o novo investimento.
A Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade – Investe São Paulo – tem dado apoio de infraestrutura e tributário para a Comil.
A cidade também se prepara com o aperfeiçoamento dos cursos profissionalizantes.
O objetivo também com novos investimentos é melhorar a qualidade de vida em Lorena. O município tem IPRS – Índice Paulista de Responsabilidade Social, indicador elaborado pela Fundação Seade no grupo 5, considerado o mais baixo quanto a níveis de riqueza, escolaridade e longevidade.
Adamo Bazanijornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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