A maior participação de produtos brasileiros em projetos de infraestrutura no exterior beneficia o segmento de transporte coletivo de passageiros, além de aumentar os embarques de caminhões e máquinas fabricados no Brasil.
ADAMO BAZANI – CBN
Ônibus estão entre os produtos que lideraram os financiamentos de exportações pelo BNDES  - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Um dos motivos é o aumento da participação de produtos brasileiros em projetos de infraestrutura dos governos no exterior, curiosamente em áreas que o Brasil é carente. Foto: Adamo Bazani
Ônibus estão entre os produtos que lideraram os financiamentos de exportações pelo BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Um dos motivos é o aumento da participação de produtos brasileiros em projetos de infraestrutura dos governos no exterior, curiosamente em áreas que o Brasil é carente. Foto: Adamo Bazani
As vendas de ônibus brasileiros para o exterior foram responsáveis por boa parte dos desembolsos do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para financiar exportações, segundo a instituição.
De acordo com o BNDES, os principais produtos exportados com suporte do banco são ônibus, máquinas rodoviárias, máquinas agrícolas, materiais de ferrovia e equipamentos de geração e transmissão de energia elétrica.
O destaque destes produtos se explica pelo aumento da participação de empresas brasileiras no exterior em projetos de mobilidade urbana, transportes de carga, infraestrutura, aviação e construção civil. Boa parte destes projetos é de iniciativa do poder público, mas a demanda de projetos privados para os produtos brasileiros também tem aumentado.
De acordo com o BNDES entre janeiro e novembro deste ano, do total financiado pelo Banco, R$ 10,1 bilhões foram para produtos e tecnologias para exportação. Deste valor, R$ 3 bilhões foram para infraestrutura, construção civil e mobilidade urbana.
A maior parte dos bens brasileiros para projetos governamentais no exterior vai para países da América Latina e da África. Os projetos são relacionados a operações de metrô, sistemas de corredores de ônibus, hidrelétricas, aquedutos, gasodutos, ferrovias, rodovias e parques eólicos (energia gerada pelo vento).
O mais interessante e contraditório é que boa parte destas iniciativas que contam com produtos brasileiros no Exterior, é insuficiente no próprio Brasil, onde há carência de investimentos nos setores relacionados.
Cidades com altos recursos e grande população urbana, como São Paulo, estão defasadas no tocante a mobilidade urbana. A rede de metrôs e corredores de ônibus nas médias e grandes cidades brasileiras é ainda insuficiente e os investimentos só cresceram nos últimos anos porque o Governo Federal se preocupa com a imagem do País na Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016.
Apesar de a população precisar ser transportada dignamente independentemente de Copa ou Olimpíada, se não fossem os eventos esportivos mundiais, o marasmo continuaria no setor de mobilidade urbana. Mas ainda assim há um problema: muitas das obras concentram altos investimentos que vão atender pontualmente os torcedores e espectadores dos eventos. Com o mesmo recurso, seria possível investir em mais ações simples e atender um maior número de pessoas, inclusive nas periferias das cidades que pouco têm sido contempladas pelo PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – Mobilidade Urbana.
Assim, o chamado legado da Copa pode não ter a eficiência propagada.
Na questão energética, o Brasil tem áreas de potencial de geração eólica, mas a participação da indústria neste segmento tem se destacado mais no exterior.
No entanto, é importante salientar que estes desembolsos do BNDES para produtos brasileiros em obras de infraestrutura no exterior trazem diversos benefícios, como geração de empregos no Brasil, dinheiro para o País e fortalecimento da indústria nacional.
Os desembolsos para exportações representam entre 10% e 15% do total de financiamentos do BNDES. Quando o Banco tinha menos atribuições, a participação das exportações representava 25% do dinheiro emprestado. No entanto, o volume real de financiamentos era menor.
Para 2013, no entanto, o cenário não deve mudar, muito menos melhorar. Isso se deve à necessidade de tornar os produtos brasileiros mais competitivos no exterior e isso implicaria em mudanças na política cambial (com maior desvalorização do real frente ao dólar), diminuição da carga tributária e da burocracia para as empresas exportadoras e melhoria na infraestrutura do País com investimentos maiores em rodovias, portos, aeroportos e na geração e transmissão de energia elétrica. Na questão da infraestrutura estas são ações que o exterior faz com produtos brasileiros, mas que o Brasil no mesmo ainda há necessidade de se avançar muito.
Adamo Bazanijornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.