Apostas da Volvo e da Mercedes Benz é a suspensão pneumática. Scania oferece gerenciamento elétrico das funções dos veículos.
ADAMO BAZANI – CBN
Mobilidade Urbana…. Priorização do Transporte Coletivo….PAC da Mobilidade…Qualidade dos Ônibus …. Corredores BRT – Bus Rapid Transit, que são do tipo do sistema de Curitiba e mais modernos que os corredores normais.
“Nunca antes na história deste País” se comentou tanto sobre mobilidade urbana. E querendo ou não admitir, esse movimento começou depois de o Brasil ser escolhido para sediar os eventos internacionais como Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas Rio 2016. Pois enquanto o povo brasileiro era tratado (e é) como sardinha em lata e as empresas de ônibus viam seus custos crescerem com os veículos de transportes coletivos sem nenhuma prioridade no espaço urbano, estava tudo bem. Afinal, o que importa o povo que paga tantos impostos e as empresas que geram empregos? Parece que para o poder público, nada! Mas quando o atraso dos transportes iria resvalar na tal imagem internacional do Brasil e ia ter muito “gringo” transformado em sardinha em lata no País, aí o Governo Federal se preocupou como nunca.
O PAC Mobilidade inicialmente foi para as cidades sede. Mas os municípios são interligados e não ficaria nada positivo para a tal imagem política apostar na mobilidade destas cidades somente.
Ao mesmo tempo, verifica-se uma série de manifestações, algumas, é verdade, que perderam o foco, que teve como estopim as tarifas e a qualidade baixa em geral dos transportes coletivos.
Aí, tudo que estava lento foi acelerado. O PAC não estava mais acelerando o crescimento. Após as manifestações presidente Dilma arrumou R$ 50 bilhões a mais para Mobilidade Urbana.
MOTIVOS PARA COMEMORAR?
Sim e não. O maior envolvimento do Governo Federal nos transportes (algo que deveria ser uma obrigação cumprida há anos e, sem defender o regime, na época ) vai ajudar e muito na modernização dos sistemas de transportes.
Mas convenhamos. No universo de 5 mil 565 municípios brasileiros, os 1 mil 500 quilômetros de corredores de ônibus com 9 mil veículos novos e as 2 mil composições novas de trens previstos até 2014 só vão contemplar os principais centros econômicos e olhe lá.
Quer um termômetro para isso? A indústria.
A indústria nacional de ônibus é uma das melhores do mundo, possui soluções para todas as necessidades, emprega e paga impostos. Mas a indústria de ônibus não é boba. O que ela sabe fazer é analisar o mercado e criar perspectivas.
E quando vemos grandes companhias como Mercedes Benz, Volvo e Scania, por exemplo, investirem ainda em ônibus com motores dianteiros, com mais modernidade, podemos analisar que o perfil dos transportes não vai mudar como o passageiro precisa.
Não que o ônibus de motor dianteiro seja o vilão da história. Apesar de não ser tão confortável como os veículos de piso baixo, motores traseiro e central, o que seria do País sem o ônibus de motor dianteiro? Simplesmente não teria transportes. A grande maioria do transporte urbano no País é feito neste tipo de ônibus.
Os motivos são vários, mas podem-se destacar dois fundamentais: a falta de estrutura do País e a cultura de investimentos do empresário.
Sabe-se que por mais que o empresário tem se modernizado (a maioria, pois existem SIM os donos de viações que acham que ainda operar transportes é manter carroças nas ruas e comprar prefeitos – seja em campanhas eleitorais ou mesmo durante os mandatos).
O empresário quer lucrar mais com o menor investimento possível. E é certo que os ônibus de motor dianteiro são mais econômicos e de manutenção mais fácil.
Não bastasse isso, de fato é interesse das prefeituras, estados e Governo Federal investirem em transportes?
Sabe outro motivo de o motor dianteiro ainda ser alvo de investimentos das montadoras? Por que na prática, de uma maneira geral, tirando as exceções dos grandes centros urbanos, a mobilidade no Brasil VAI CONTINUAR A MESMA POR MUITOS ANOS.
E para enfrentar ruas cheias de buraco, mal planejadas, com valetas e lombadas que nem as estradas romanas de antes de Cristo possuíam, estradas de terra, os ônibus têm de ser tratorzinhos robustos que transportam passageiros.
MODERNIZAR O MOTOR DIANTEIRO
Mesmo assim, a indústria prova que é possível modernizar o ônibus de motor dianteiro e oferecer mais conforto.
É o que na Transpúblico 2013, feira de transportes realizada até esta sexta-feira no Transmerica Expo, na zona Sul de São Paulo, foi mostrado pelas fabricantes de chassis de ônibus.
Mercedes Benz e Volvo apostam na suspensão pneumática e a Scania no gerenciamento eletrônico.
Os modelos da Mercedes Benz OF 1721L/59 Euro V e OF 1724L/59 Euro V já possuem suspensão pneumática integral, que oferecem mais conforto para o motorista, cobrador e passageiros que os veículos dotados apenas de molas.
Cerca de 500 unidades já foram vendidas para linhas alimentadoras em Minas Gerais.
De acordo com a Mercedes Benz, “a suspensão pneumática dos chassis OF é formada por bolsões de ar (2 na dianteira e 4 na traseira) e batentes auxiliares, válvulas niveladoras de altura (1 na dianteira e 2 na traseira), amortecedores telescópicos de dupla ação e barras estabilizadoras”.
O responsável por ônibus da Mercedes Benz, na América Latina, Ricardo José da Silva, diz que a suspensão pneumática revela uma nova fase do mercado.
“As empresas de ônibus precisam oferecer conforto nas atuais condições de trafegabilidade. E a suspensão pneumática no ônibus de motor dianteiro permite isso, mas dentro da realidade de custos das empresas, cuja boa parte opera ainda em condições de tráfego severas” – disse o executivo.
A Volvo, por sua vez, também vai apostar na suspensão pneumática no motor dianteiro.
A empresa que desde sua implantação no Brasil não comercializava ônibus com motor dianteiro, na Transpúblico de 2011 lançou o B 270 F e sentiu o “gostinho” do segmento, que corresponde a 40% do mercado nacional.
Suas vendas cresceram e a empresa ultrapassou concorrentes em números absolutos por causa do B 270 F.
Até setembro, as primeiras unidades do B 270 F com suspensão pneumática devem estar operando comercialmente nas ruas. Alguns ônibus já vão rodar antes em empresas do Sul do País que são parceiras da Volvo, a título de testes, depois, claro, de todas as homologações das autoridades.
Com a suspensão pneumática, a ideia da Volvo é diminuir os níveis de impacto, de vibração e de ruídos típicos dos trajetos percorridos pelos ônibus de motor dianteiro.
O custo de aquisição destes ônibus deve ser maior, mas a empresa garante que os gastos de manutenção serão menores.
“A figura do moleiro na garagem é indispensável e mostra como é complexa a manutenção dos ônibus com suspensão metálica. Às vezes é preciso trocar toda a mola, refazer parte da suspensão. A manutenção é mais fácil na suspensão pneumática e rápida também. Basta trocar bolsões ou alguns componentes. O ônibus fica menos tempo parado na garagem e quanto maior o índice de disponibilidade do veículo, maior é a rentabilidade da empresa, assim como melhor é o atendimento ao passageiro” – disse Idam Stival, engenheiro de vendas da Volvo Latin America.
“Precisamos atender a tudo que as empresas e passageiros precisam. Assim, temos o maior ônibus do mundo, o biarticulado de 28 metros encarroçado, ônibus urbanos de piso baixo, ônibus rodoviários mais simples e até de quatro eixos para carrocerias de dois andares de alto padrão, mas o mercado de motor dianteiro é grande e é a realidade do mercado nacional. Podemos cada vez mais desenvolver ônibus deste tipo mais confortáveis, econômicos e seguros” – disse Euclides Castro, gerente de ônibus urbanos da Volvo Latin America.
Outra prova de que o motor dianteiro é um tipo de ônibus com vida longa no Brasil foi o estande da Scania. A empresa que intensificou ainda mais suas operações neste mercado dedicou boa parte do seu estande ao segmento.
A aposta da empresa é o gerenciamento eletrônico para oferecer conforto e diagnóstico de eventuais problemas para permitir que o defeito seja detectado logo e não se agrave, permitindo que o ônibus fique menos tempo parado na vala de manutenção.
O modelo F 250 NZ 4 x 2 é conhecido pela robustez. Ele foi lançado em outubro de 2012 e possui motor 9 litros, 250 cavalos de potência e desenvolve torque de 1.150 Nm.
De acordo com a Scania, um dos diferenciais do modelo é sistema elétrico/CAN “que gerencia todas as funções do veículo, permite sempre o melhor desempenho na operação e maior facilidade de manutenção. Esta característica apresentada pela nova arquitetura dos produtos garante um rápido diagnóstico de falhas, o que aumenta ainda mais a disponibilidade do veículo. O chassi sai de fábrica com distância entre eixos de 6.500mm. Essa configuração permite comportar carrocerias de 12,6 até 13,2 metros de comprimento, o que proporciona grande capacidade de passageiros, sem perda de rendimento. As suspensões dos eixos dianteiro e traseiro são a mola. Para garantir maior conforto ao motorista, o modelo possui coluna de direção ajustável. Um dos itens do pacote de opcionais é o freio ABS”
Segundo o gerente executivo de vendas de ônibus no Brasil, Wilson Pereira, a própria evolução dos BRTs e a ampliação dos corredores também vão aumentar a demanda por ônibus de motor dianteiro por causa da criação de linhas alimentadoras.
“Existe a perspectiva de uma grande demanda por veículos alimentadores e articulados para os corredores exclusivos para ônibus em virtude dos futuros grandes eventos esportivos, Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada 2016, no Rio de Janeiro” – explicou ao dizer que mesmo com os avanços da mobilidade, haverá sempre espaço para o ônibus de motor dianteiro.
Indústria entende de mercado, pesquisa. Se a infraestrutura do País fosse futuramente receber tanto investimento como o governo propagada e se o empresário se tornasse tão moderno como ele mesmo julga, o motor dianteiro se ateria às exceções, como áreas de difícil tráfego natural, quando as condições independem dos investimentos, como trajetos de relevos muito acentuados. Caso contrário, o Brasil poderia viver uma realidade como de outras países, onde ônibus de piso baixo e motor central não é nem mais propaganda governamental, de empresa e de montadora. É algo natural.
Mas o OF, F ou OD ainda continuarão sendo maioria.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Fonte: Ônibus Brasil
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