sexta-feira, 21 de junho de 2013

Redução das Tarifas: Não é necessário cortar investimentos, diz especialista

ônibus
Ônibus em São Paulo. Economista diz que diferentemente do que Haddad e Alckmin disseram, redução nas tarifas de transportes não requer diminuição em investimentos básicos. Há muita “gordura” nas administrações públicas que pode ser cortada. Foto: Adamo Bazani.
Especialista diz que redução de tarifa não precisa comprometer investimentos
Ajuste passa por evitar desperdícios e gastos desnecessários. Alteração tributária pode segurar tarifa em R$ 3,00 até 2015.
ADAMO BAZANI – CBN
O especialista em finanças públicas, Paulo Sandroni, mestre em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professor da Escola de Administração de Empresas da FGV – Fundação Getúlio Vargas, disse que a redução das tarifas de ônibus, trens e metrô de R$ 3,20 para R$ 3,00 não vai comprometer os investimentos em áreas essenciais, como saúde, segurança, iluminação e lazer.
A declaração foi dada na manhã desta quinta-feira, dia 20 de junho, ao Programa CBN – São Paulo, apresentado por Fabíola Cidral e produzido por Fabiana Boa Sorte e Hector Vieira.
Nesta quarta-feira, quando o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, anunciaram a revogação das tarifas, disseram que a medida comprometeria investimentos em outras áreas prioritárias para cobrir os custos das empresas de ônibus, da CPTM e do Metrô em forma de subsídios.
O economista discorda de Alckmin e de Haddad.
“Há muitas maneiras de remanejar verbas orçamentárias de setores que não precisam de recursos urgentes. Além disso, toda a administração tem gorduras a eliminar.” – disse Sandroni.
O economista disse que o valor anunciado por Haddad neste ano, de R$ 210 milhões para bancar a redução, não é “nada” perto do orçamento de R$ 37 bilhões do município.
“Não é nem um por cento do Orçamento Global da cidade. Definitivamente, não precisa comprometer investimentos” – complementou Sandroni.
QUEM TEM MAIS, DEVE CONTRIBUIR MAIS:
Sandroni destacou a importância social do transporte coletivo e que há questões tributárias distorcidas que, se corrigidas, podem congelar as tarifas de ônibus a R$ 3,00 até 2015.
Nos próximos anos, até 2015, os custos dos transportes inevitavelmente vão aumentar: o diesel e os lubrificantes terão reajustes, assim como pneus, salários dos funcionários dos transportes e o próprio trânsito que deixa as operações dos ônibus mais caras.
Por uma readequação de tributos, Sandroni defende uma espécie de redistribuição de renda.
“São Paulo pode arrecadar mais de quem pode mais. Opções são o IPTU Progressivo, que pode ter maior percentual sobre residências mais caras, verdadeiras mansões, e aumentar o IPVA de carros de luxo. Ora, quem pode pagar R$ 200 mil, R$ 300 mil até R$ 400 mil num carro particular, não pode contribuir só um pouco mais para quem anda de ônibus?” – disse Paulo Sandroni.
Quem usa carro, ocupa uma maior área do espaço urbano e proporcionalmente polui mais, hoje paga impostos da mesma maneira ou até menos que o usuário do transportes públicos.
“O chamado pobre paga mais impostos de maneira indireta e proporcional do que a chamada classe rica, seja na alimentação, na compra de remédios e até nas passagens de ônibus” – complementou.
Só a título de comparação, enquanto a redução das tarifas vai causar um impacto de menos de 1% do Orçamento Geral do Município, os custos com a Câmara dos Vereadores de São Paulo representam cerca de 3,5% do Orçamento, sendo que deste total, os parlamentares locais podem gastar 70% só em salários.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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