sexta-feira, 19 de julho de 2013

Agência Internacional de Energia defende ônibus como solução para superpopulação

Estudo usa exemplos como Seul e Nova Iorque que não só priorizaram os ônibus em corredores como também aumentaram os incentivos aos operadores de transportes coletivos. Transportes públicos podem gerar economia de US$ 70 TRILHÕES até 2050.
ADAMO BAZANI – CBN
Trólebus do ABC Paulista. Relatório da Agência Internacional de Energia aponta os transportes públicos e mudanças de hábitos como solução para a superpopulação urbana prevista para 2050. Mas ações devem ser tomadas rapidamente e não devem se restringir a obras isoladas. Foto: Adamo Bazani.
Trólebus do ABC Paulista. Relatório da Agência Internacional de Energia aponta os transportes públicos e mudanças de hábitos como solução para a superpopulação urbana prevista para 2050. Mas ações devem ser tomadas rapidamente e não devem se restringir a obras isoladas. Foto: Adamo Bazani.
Se hoje os problemas de trânsito e poluição tiram a qualidade de vida e consomem os recursos nas cidades, a situação tende a se agravar com o aumento da população urbana, que, segundo a ONU – Organização das Nações Unidas, deve corresponder a cerca de 70% dos habitantes de todo o planeta até 2050.
O número de pessoas nas cidades vai aumentar, mas os territórios urbanos não vão crescer na mesma proporção e se a frota de veículos individuais em todo o mundo continuar se elevando no ritmo atual, sem nenhum alarmismo, as cidades em todo o mundo se tornarão impraticáveis.
Neste mês de julho, já tentando apresentar hoje alternativas para que os problemas nas cidades não saiam ainda mais do controle, a Agência Internacional de Energia divulgou um novo relatório intitulado “A Tale of Renewed Cities” (Um conto sobre cidades renovadas, em tradução livre).
A agência aponta a necessidade mais que urgente de as cidades desde já buscarem eficiência energética. E eficiência energética não são carros que queimam melhor gasolina e álcool, de acordo com o relatório, mas transportar mais pessoas com menos veículos.
E para isso, o estudo é enfático em alertar para a necessidade de políticas públicas permanentes para o transporte coletivo e não apenas obras pontuais.
Segundo o relatório, políticas de transportes podem gerar uma economia global de US$ 70 trilhões de dólares (isso mesmo TRILHÕES) com menos veículos particulares, menos gastos com combustíveis e menos desperdício em infraestrutura devido ao mau aproveitamento do espaço urbano gerado pelo uso excessivo do transporte individual.
Isso mostra que por erros de políticas fiscais e falta de prioridade no espaço urbano, o transporte público pode ter as tarifas que não são ainda as ideais, mas o transporte coletivo traz economia para as pessoas, cidades, estados e países.
Não se trata de impedir que as pessoas andem de carro, mas tornar o transporte público o principal meio de deslocamento para as viagens cotidianas.
O estudo teve como base mais de 30 cidades no mundo que tomaram iniciativas em prol do transporte público, planejamento de viagens e gestão urbana. As ações resultam em mais economia para os cofres públicos, para o bolso do cidadão em gastos pessoaIs, maior qualidade de vida e redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa.
O estudo é enfático em mostrar quer o ônibus é uma solução para as cidades hoje e no futuro e cita exemplos práticos.
Em Nova Iorque, os investimentos foram em corredores de ônibus expressos, de acordo com o estudo. Em corredores, os ônibus desenvolveram maior velocidade e cada viagem foi reduzida em onze minutos. Parece pouco, mas no acumulado do mês, é tempo suficiente para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, de acordo com a Agência que ainda complemente que a velocidade maior dos ônibus atraiu mais passageiros para o sistema público e mais pessoas deixaram o carro em casa.
Em Seul, a política não foi apenas urbanística, mas fiscal. Os operadores de ônibus receberam incentivos e investiram em veículos maiores, melhores e mais seguros, o que atraiu passageiros também.
A Agência alerta para planejamento de redes combinadas de sistemas ferroviários e de ônibus para que hoje e em 2050, as pessoas possam viver melhor nas cidades.
Belgrado triplicou o número de passageiros no transporte público quando promoveu uma verdadeira reforma nas suas linhas de trens. Não foram apenas consertos ou modernizações isoladas, mas o aumento da qualidade dos trens, deixando com padrões de metrô, algo que poderia ser feito com a CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, na Capital e Grande São Paulo.
No relatório são apontadas três ações de políticas urbanas básicas para cidades melhores:
- Conscientização e incentivo para os deslocamentos a pé em pequenas distâncias. Por exemplo, as pessoas não precisam de carros para irem à padaria do bairro
- Incentivo Total ao Transporte Público, tanto em obras como em políticas fiscais, para que esta forma de deslocamento seja predominante nas cidades, tanto no espaço urbano como também na modicidade das tarifas..
- Promoção de veículos com melhor aproveitamento energético, inclusive no transporte público. Aí são considerados ônibus híbridos, trólebus, a gás natural e a biocombustíveis ou outros meios de transporte de massa menos poluentes.
As três ações estão dentro do conceito da agência de evitar (o uso desnecessário do carro), mudar (os hábitos de deslocamento e as prioridades de investimentos) e melhorar (a eficiência dos carros, do transporte público e da gestão urbana).
Adamo Bazanijornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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