Com certeza sim! São os paulistanos e cariocas, de acordo com pesquisa internacional envolvendo 169 cidades.
ADAMO BAZANI – CBN
Imagine cinco dias por ano numa fazenda, numa casa de praia, num sítio com a família, numa cidade romântica namorando, são muitas as possibilidades de se passar um tempo bom e experimentando momentos e lugares diferentes.
Mas existem pessoas que “moram” pelo menos cinco dias do ano presas dentro do carro.
E acredite, são milhões de pessoas, inclusive, você pode ser uma delas.
É o que revela um estudo internacional realizado em 169 cidades de diversas partes do mundo, realizado pela empresa “Tom Tom”, que cria sistemas de navegação e GPS para automóveis.
O levantamento mostrou que São Paulo e Rio de Janeiro são as piores cidades na América Latina para dirigir, sendo o Rio de Janeiro a terceira e São Paulo as sétima neste ranking de 169 municípios ou localidades.
Ao analisar o tempo de deslocamento que as pessoas fazem para percorrerem a mesma distância em condições de infraestrutura semelhantes, o estudo revelou que somando o tempo desperdiçado no trânsito, o carioca passa cinco dias por ano confinado no carro e o paulistano passa 4,25 dias em seu veículo particular, isso em deslocamentos que deveriam durar meia hora.
O tempo perdido representa praticamente o dobro nas cidades do que deveria ser gasto pelas pessoas nos deslocamentos. No Rio de Janeiro, a cada hora no congestionamento, o cidadão perde uma hora e seis minutos a mais. Em São Paulo, a cada hora no congestionamento são perdidos mais 48 minutos.
Esse tempo perdido significa, humanizando a abordagem, menos horas para descanso, para cuidar da saúde, para estudar ou fazer um curso de aperfeiçoamento profissional. Também representa mais exposição à maior poluição gerada pelos congestionamentos, além do sedentarismo, estresse e problemas ortopédicos ou neuromusculares gerados pela inatividade física que é “viver” dentro do carro.
O estudo destaca como solução principal o investimento no transporte coletivo. Vias para mais carros só aumentariam o problema, já que dariam margem e estímulo para que as pessoas não deixassem seus veículos em casa, ampliando os congestionamentos e a poluição.
Um ônibus do tamanho padron simples, com 13,2 metros de comprimento, transporta de uma só vez, com conforto, 80 passageiros entre sentados e em pé. Só este ônibus pode substituir mais de 40 carros de passeio que enfileirados ocupariam 168 metros de comprimento, levando em conta que normalmente os carros nas cidades andam com o motorista e no máximo um acompanhante. E detalhe: isso durante todo o percurso. Como no ônibus há embarques e desembarques periódicos, o mesmo modelo de 13,2 metros na prática em seu trajeto atende a um número maior que as 80 pessoas de sua lotação.
Mas as pessoas só deixariam o carro em casa se os transportes coletivos atendessem alguns quesitos básicos: rapidez, confiabilidade, conforto, baixo custo e segurança.
Onde eles já atendem essas exigências, as pessoas estão deixando o carro em casa.
E isso só é possível se os ônibus, no caso do transporte sobre pneus, ganharem espaços exclusivos de fato.
RAPIDEZ E CONFIABILIDADE
Em corredores, os ônibus fazem viagens com menos tempo de duração mesmo em trajetos longos, atendendo a exigência da rapidez. Hoje a maior parte dos atrasos se dá pelo fato de os ônibus ficarem presos nos congestionamentos, o que praticamente é eliminado num corredor, atendo ao quesito de confiabilidade.
CONFORTO
Em corredores do tipo BRT – Bus Rapid Transit, ou mesmo expressos comuns, o espaço para os ônibus é maior. Com isso, é possível usar ônibus maiores como articulados e biarticulados, minimizando a lotação. Além disso, o pavimento destes corredores pode ser preparado para melhor suportar o peso dos ônibus e ser menos irregular, com isso, menores são as trepidações, os solavancos, os trancos e o empresário pode ser cobrado para colocar veículos com maior tecnologia e mais valor agregado, pois sabe que não vai ter o ônibus danificado em vias sem condições. Com isso, o item conforto é atendido. E quando se fala em conforto, não se deve pensar apenas no ônibus, mas antes mesmo de o veículo chegar. Nos corredores, é possível instalar estações ou paradas com pré-embarque, que é o pagamento das passagens antes da entrada no ônibus e os equipamentos oferecem embarque acessível (com o piso no mesmo nível do assoalho do veículo), proteção do clima, painéis de informação sobre linhas e horários e até espaços para aguardar a condução sentado em poltronas. Nas ruas, o máximo que o passageiro pode ter é um ponto com abrigo e para quem possui limitações de movimento, é necessário enfrentar o meio fio da rua.
BAIXO CUSTO
Estudo recente da CET – Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, a respeito da implantação das faixas de ônibus na cidade, mostra que o consumo de óleo diesel caiu 8,8%. Ônibus preso no trânsito é dinheiro gasto em equipe de funcionários que ficam praticamente ociosos nas vias, em combustível queimado a toa e equipamentos e peças desgastados antes do tempo calculado pelos fabricantes. Um ônibus operado somente em corredor pode durar cinco ou dez anos mais que um ônibus que fica no para e anda. Tudo isso é custo, que certamente faz parte da composição das tarifas.
SEGURANÇA
Em corredores, a velocidade dos ônibus é bem delimitada e não há conflito de espaço com veículos menores. A sinalização é específica para veículos de grande porte. Além disso, o motorista do ônibus é profissional e hoje as empresas de transportes coletivos de passageiros investem em treinamentos e cursos constantes de reciclagem profissional.
AS PIORES VIAS
De acordo com o levantamento da Tom Tom, as piores vias nas cidades em relação à perda de tempo nos deslocamentos são:
- São Paulo: Avenida dos Bandeirantes, Avenida do Estado, Avenida Rebouças e trechos do Corredor Norte-Sul.
- Rio de Janeiro: Linha Vermelha, Avenida Brasil, Linha Amarela e viaduto perimetral (em processo de demolição).
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Fonte: Ônibus Brasil
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