quarta-feira, 22 de julho de 2020

Motoristas denunciam descaso de prefeitura por manter ônibus escolares sucateados


Falta de manutenção da prefeitura estaria depreciando parte da frota municipal.
Ônibus apontado em acidente ocorrido na região de Ibitioca.


Desde março, por causa da pandemia da Covid-19, as atividades escolares estão suspensas. O retorno às aulas ainda não foi definido pelas autoridades do país e do estado do Rio de Janeiro. Em Campos dos Goytacazes, a doença preocupa a população e a vários profissionais. No caso do setor de educação, o transporte escolar pode ser um problema a mais quando as escolas forem autorizadas a funcionar.  Alguns motoristas que prestaram serviço à Prefeitura de Campos afirmam que parte da frota está sucateada e oferece riscos.

De acordo com o motorista Jorge Renato Belo, há vários ônibus escolares que apresentam problemas antes mesmo da paralisação das aulas. Ele prestou serviço com Recibo de Profissão Autônomo (RPA) por quase dois anos à Prefeitura de Campos. Em maio, ele e vários motoristas foram dispensados. Dizem que em março receberam pagamento  de salário referente a dezembro de 2019. Jorge decidiu fazer denúncia sobre o estado de abandono de vários veículos utilizados para transporte de estudantes.
Ônibus escolares estariam sendo sucateados,
segundo denúncia.
(Fotos: Jorge Renato Belo)


“Fiz as fotos e sei que há ônibus em más condições e sem manutenção em locais como a Vila Olímpica do Parque Guarus e Galpões da Secretaria de Educação no Parque Santo Amaro. Como prestador de serviço eu não podia fazer a denúncia por temer punição. Claro que eu quero receber os pagamentos atrasados, mas parte da frota pode colocar a vida em risco. No dia 2 de dezembro de 2019, na localidade de Pedra Negra, região de Ibitioca, um colega se acidentou. A barra de direção do ônibus quebrou. Havia crianças no carro. Felizmente ninguém se feriu. O ônibus foi abandonado em um dos pátios da prefeitura e segue sem reparo”, afirma.

Jorge Renato diz que trabalhava mais de 12 horas por dia. Costumava atender a alunos municipais das localidades de Tapera, Ururaí e Caxeta. Segundo ele, muitas vezes os ônibus escolares eram utilizados para outras finalidades, em eventos municipais.

“Eu e vários colegas temos queixa das más condições do ônibus. Quem precisa trabalhar, acaba se calando temendo ser dispensado. Quando as aulas voltarem, vai faltar ônibus ou os que circularem podem estar sem condições de circular por causa da falta de manutenção”, acusa.
Veículos estariam sem funcionar nos últimos anos por falta de manutenção.
Prefeitura se defende
De acordo com a Prefeitura, a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Smece) desde 2017, busca-se realizar a manutenção da frota escolar com equipe própria. “Em janeiro de 2017, havia somente três ônibus em funcionamento, hoje são 15. Como a frota não conseguia atender a totalidade da rede municipal, principalmente a zona rural, foi necessária a contratação de uma empresa que prestasse o serviço de transporte escolar para que os alunos não ficassem desassistidos. Tal contrato se encontra suspenso em virtude da pandemia”, informou por meio de nota.

Segundo a Smece, seria realizada uma licitação para contratação de serviço de manutenção especializada para os ônibus. O objetivo era recuperar a frota para que o serviço terceirizado de transporte não mais fosse necessário. Segundo nota do governo, “a brusca queda de arrecadação do município, somada à pandemia, ainda não foi possível viabilizar tal ação. A Prefeitura de Campos tem feito replanejamento das contas para pagamento aos prestadores de serviços por Recibo de Pagamento Autônomo (RPA) em decorrência de constantes quedas de arrecadação.

A Prefeitura de Campos afirmou que em comparação a 2019, até junho deste ano, “o município já acumula perdas de R$ 132,1 milhões em royalties e PEs somados. Ao mesmo tempo, a folha de pagamento dos servidores é de R$ 73,2 milhões — sendo R$ 15,3 milhões destinados a aposentados e pensionistas do PreviCampos — Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Campos”, concluiu.

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