domingo, 16 de junho de 2013

Mercedes Benz comemora 2 milhões de veículos comerciais

Empresa quer aumentar participação mundial. Ônibus brasileiros são a maior pauta de exportação da unidade brasileira.
ADAMO BAZANI – CBN
Mercedes Benz comemora a fabricação de 2 milhões de veículos comerciais no Brasil. Os ônibus são prova da evolução do setor, que começou a ter veículos para transporte de passageiros de verdade com os monoblocos e hoje conta com veículos de grande porte para cidades que precisam investir em corredores que atendam um número maior de passageiros e de forma mais rápida. Foto: Adamo Bazani
Mercedes Benz comemora a fabricação de 2 milhões de veículos comerciais no Brasil. Os ônibus são prova da evolução do setor, que começou a ter veículos para transporte de passageiros de verdade com os monoblocos e hoje conta com veículos de grande porte para cidades que precisam investir em corredores que atendam um número maior de passageiros e de forma mais rápida. Foto: Adamo Bazani
No Brasil, tudo começou em 1956. A Mercedes Benz, ainda modesta no País, mas de grande representação no mundo, colocava em produção o caminhão L 321, que chegou a vender 10 mil unidades por ano. Também em 1956, era produzido o ônibus nacional LP 312. As vendas foram de 322 chassis por ano.
Com o decorrer do tempo, a Mercedes Benz foi ganhando mercado.
No segmento de ônibus teve vários destaques. Um dos principais foram os monoblocos. A primeira unidade foi lançada em 1958, o O 321. O Brasil já tinha monoblocos, como os da General Motors, produzidos desde 1941 na unidade de São Caetano do Sul.
Mas foi com a Mercedes que eles se popularizaram, já que traziam inovações.
Ônibus monobloco traz conforto maior aos passageiros e motoristas de uma maneira geral. Chassi, motor e carroceria são integrados, formando um bloco só.
No Brasil, a família de Monoblocos terminou com a Mercedes Benz, produzindo em 1996 e, vendendo até 1997, o modelo O 400, nas principais versões R, RS e RSD (três eixos).
Mas não foram apenas os monoblocos que marcaram a história dos ônibus Mercedes Benz. O LPO 1113 e oOF 1113 podem ser considerados outros sucessos. Modelos de carrocerias como Caio Gabriela e Marcopolo San Remo foram consagrados sobre 1113.
Os caminhões também tiveram modelos de sucesso, como o torpedinho o 1111 e o pequeno 608 D.
Nesta quinta-feira, dia 13 de junho, a Mercedes Benz comemorou a marca de 2 milhões de veículos comerciais produzidos no Brasil desde sua instalação, em São Bernardo do Campo-SP, em 1956, e contou com a presença de profissionais do setor, empresários, revendedores e imprensa especializada como o Blog Ponto de Ônibus.
Deste total, 1 milhão e 300 mil veículos são caminhões e 630 mil são ônibus.
A Mercedes estima que em torno de 62% dos veículos comerciais de grande porte no Brasil em circulação são da marca, independentemente do ano de fabricação.
No segmento de caminhões, ela ocupa o segundo lugar, ficando atrás da Volkswagen-MAN. No de ônibus, lidera com mais de 40% de participação no mercado, atuando praticamente em todos os segmentos: micro-ônibus, ônibus midi, ônibus urbano convencional, ônibus para fretamento, ônibus rodoviário de curta distância, ônibus rodoviário de média e longa distância, ônibus de dois andares, ônibus com quatro eixos, ônibus articulados comuns e agora, a novidade, o ônibus articulado de 23 metros, chamado pela marca de “superarticulado”, com quatro eixos, sendo dois deles no “ultimo carro”, depois da articulação.
Monobloco Mercedes-Benz O-321, o "Super B".
Monobloco Mercedes-Benz O-321, o “Super B”.
Os veículos que marcaram o número 1 milhão de unidades da Mercedes foram o caminhão 1418 e o revolucionário Monobloco O 371 Urbano. Foto: Divulgação
Os veículos que marcaram o número 1 milhão de unidades da Mercedes foram o caminhão 1418 e o revolucionário Monobloco O 371 Urbano. Foto: Divulgação
Caminhão Mercedes Benz série LP.
Caminhão Mercedes Benz série LP.
Caminhão Mercedes-Benz 608D.
Caminhão Mercedes-Benz 608D.
Caminhão Mercedes-Benz 1111.
Caminhão Mercedes-Benz 1111.
Caminhão Mercedes-Benz LP312.
Caminhão Mercedes-Benz LP312.
ÔNIBUS MERCEDES TERÃO NOVIDADES. CERCA DE 500 UNIDADES DO OF 1721 COM SUSPENSÃO PNEUMÁTICA PARA BELO HORIZONTE
A mobilidade urbana no Brasil está mudando aos poucos e tardiamente.
É claro que as cidades não podem perder mais qualidade de vida, espaço urbano e degradar o meio ambiente se continuarem na política pouco inteligente de privilégio ao transporte individual. Só que se não fossem os anúncios para o Brasil sediar a Copa do Mundo em 2014 e o Rio, as Olimpíadas em 2016, o Governo Federal continuaria ausente da questão, como foi historicamente, com as exceções, é claro.
ÔNIBUS FRONTAIS MAIS MODERNOS
As realidades no País são diferentes em mesmas regiões. Por exemplo, enquanto no Corredor ABD o pavimento é de concreto e bom (apesar de precisar de algumas reformas) entre São Mateus e Jabaquara, em São Paulo, via Santo André, Mauá (Terminal Sônia Maria), São Bernardo do Campo e Diadema, em Mauá, a poucos quilômetros do Terminal Sônia Maria, os ônibus municipais da Viação Cidade de Mauá e Viação Leblon Mauá são obrigados a percorrer ruas de terra, em áreas de mananciais, que se tornam verdadeiros atoleiros em dias de garoa (não precisa chover forte).
Assim, já pensando nos próximos dois milhões de veículos no Brasil, a Mercedes quer ampliar e aperfeiçoar a gama de opções para um país cheio de diversas realidades, que vão desde vias de tráfego completamente desiguais até a cultura do empresariado brasileiro de ônibus que, se não for cobrado pelo poder público e pela população, ainda, em sua maioria, quer continuar ganhando mais com menos.
Por isso, pensando nos sistemas de BRT (Bus Rapid Transit), de corredores exclusivos para ônibus, a Mercedes Benz aposta no superaticulado, O 500 MDA ou O 500 UDA, mas não deixa de lado os ônibus para enfrentarem condições desfavoráveis de tráfego.
Assim, há o OF 1519 R, para áreas rurais, que pode ser usado no Programa Caminho da Escola, e uma novidade que pode ser uma alternativa para deixar os ônibus de motores frontais um pouco mais confortáveis.
Nossa novidade para este segmento é o ônibus dianteiro com suspensão pneumática. O veículo está sendo recebido bem pelo mercado. Já foram encomendas cerca de 500 unidades para o sistema de Belo Horizonte” – disse ao Blog Ponto de Ônibus, o vice-presidente de vendas da Mercedes Benz do Brasil, Joachim Maier.
Os veículos são OF 1721 EURO V, que seguem os padrões da fase P 7- Proconve _ Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, para emitir menos poluentes com base nas normais internacionais Euro V.
Já os superarticulados tiveram a encomenda de 140 unidades novas.
Linha de montagem de ônibus da Mercedes Benz que a reportagem teve acesso. Transporte coletivo é importante para a marca no mercado nacional e para as exportações. Foto: Adamo Bazani
Linha de montagem de ônibus da Mercedes Benz que a reportagem teve acesso. Transporte coletivo é importante para a marca no mercado nacional e para as exportações. Foto: Adamo Bazani
ÔNIBUS BRASILEIRO É RESPONSÁVEL POR MAIOR PARTE DAS EXPORTAÇÕES DA MARCA
No ano passado, os setores de ônibus e caminhões sofreram retração no mercado. Os motivos foram vários: um deles foi a transição da tecnologia Euro III para Euro V, que deixou os ônibus mais caros e os empresários mais receosos sobre como funcionaria a nova tecnologia, sobre a possível falta e preço maior do diesel S 50 (com menos partículas de enxofre para funcionar neste tipo de motorização), medo de escassez do ARLA 32 – Agente Redutor Líquido Automotivo, um fluido com 32,5% de uréia industrial, usado em alguns modelos que seguem os padrões Euro V e o próprio valor destes ônibus que chega a ser 15% maior que os de tecnologia anterior, que desde janeiro de 2012 não podem ser produzidos para o mercado interno e desde março deste ano não poderiam ser vendidos mais.
Mas responsabilizar só as questões técnicas ao baixo desempenho dos setores de ônibus e caminhões em 2012 é simplificar o problema. O País teve um desempenho econômico pífio e o pior, com inflação ao mesmo tempo, mostrando inabilidade da equipe econômica da dobradinha Lula/Dilma, já que o PIBizinho de 2012 foi um reflexo de erros administrativos anteriores.
Mas em 2013, o cenário é diferente e tanto as indústrias como as revendedoras não podem reclamar. Devem bater recorde histórico.
Mas enquanto o Brasil sofreu uma desaceleração no ano passado e neste ano se recupera, o mercado exterior para os ônibus nacionais foi generoso. Não só em 2012, mas em toda a história.
A primeira exportação de ônibus da Mercedes Benz foi em 1961 para a Argentina, segundo a empresa no evento de ontem.
E o país vizinho, ainda é o maior consumidor dos Mercedes brasileiros. São 4 mil ônibus inicialmente feitos pela Mercedes e São Bernardo do Campo e finalizados na Argentina. A Mercedes diz que 70% dos ônibus por lá são da marca.
Dos 630 mil ônibus feitos pela Mercedes desde 1956, 200 mil foram para o exterior até hoje, o que representa neste período 75% dos ônibus brasileiros exportados.
O ônibus representa para a Mercedes do Brasil o produto para exportação mais importante, não apenas proporcionalmente, mas em números absolutos. Enquanto exportamos 3 mil, 4 mil caminhões por ano, nossas exportações de ônibus chegam a 6 mil, 9 mil veículos dependendo do ano”- complementou Joachim Maier ao repórter Ádamo Bazani, no evento.
A perspectiva da Mercedes Benz não é demorar mais 57 anos para chegar aos próximos 2 milhões de veículos comerciais. O veículo número 2 milhão foi um caminhão Actros 4844, para serviços de carga pesada e fora de estrada.
A demanda por veículos aumentou e as técnicas de fabricação permitem a produção de números maiores em menos tempo.
Em 1992, a Mercedes alcançou o seu primeiro milhão de veículos comerciais, com um caminhão 1418 cara chata e com um ônibus urbano Monobloco O 371, que era uma revolução para época e possui conceitos de design interior e conforto superiores a muitos ônibus encarroçados hoje.
E os monoblocos, por que acabaram?
Na opinião do vice-presidente de vendas da Mercedes Benz do Brasil, Joachim Maier, o monobloco não acabou. A família O 500, segundo ele, traz os mesmos conceitos dos monoblocos, com peças feitas pela empresa, apenas recebendo o encarroçamento num trabalho em conjunto com as empresas que fazem carrocerias, como MarcopoloCaioComilNeobusIrizarMaxibus e Mascarello. A Busscar não produz mais desde a decretação de sua falência.
O presidente da Mercedes Benz no Brasil, Philipp Schiemer, se diz orgulhoso com os números da companhia.
A Mercedes é a que gera mais empregos no setor no continente, com cerca de 14 mil funcionários. A empresa é responsável pelo maior plano de investimentos do segmento, com R$ 1 bilhão e 500 milhões em quatro anos
Quanto aos ônibus, em discurso, o gerente deste segmento da Mercedes no Brasil, Ricardo Silva, que os veículos são pensados para atender os clientes diretos da fabricante, que são os frotistas, mas os indiretos, como o poder público e o passageiro.
A vontade do passageiro pode determinar investimentos de uma empresa de ônibus.
Nos setores de fretamento e de rodoviário, é só trocar de empresa operadora se a frota não agradar.
No segmento de urbano, além da falta de prioridade dos ônibus no transporte público, a má qualidade da frota de muitas companhias são um convite aos deslocamentos de carro, moto, bicileta, a pé ou meios ferroviários
Adamo Bazanijornalista da Rádo CBN, especializado em transportes.

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