Ser brasileiro é estar acostumado a pagar mais do que as coisas valem

Nos últimos dias temos presenciado protestos em várias capitais brasileiras, principalmente em São Paulo, contra o aumento das tarifas do transporte coletivo municipal. Mas será que essas pessoas estão protestando apenas por causa de vinte centavos?

Força policial com violência desproporcional empregada como incentivo à cômoda postura conformista do brasileiro. Foto: G1.

Força da Polícia com violência desproporcional empregada como incentivo à cômoda postura conformista do brasileiro, que é conveniente para o governo e todos aqueles que de alguma forma tiram proveito do poder. Foto: G1.

Antes de mais nada, sabemos que muitos naquele grupo de manifestantes são verdadeiros manifestantes profissionais, que em geral são alunos de universidades públicas e ainda acreditam que o comunismo é a melhor solução para o Brasil e simpatizam com partidos com visões revolucionárias ultrapassadas. Não é esse tipo de pensamento que representa o que iremos tratar aqui. Nem mesmo os vândalos que se infiltram em qualquer tipo de movimento popular e muitas vezes usam até a vitória (ou derrota) de um time de futebol como pretexto para barbarizar e destruir o patrimônio público e privado.

Vamos tratar do brasileiro comum, de classe média, que trabalha, paga suas contas e ainda tenta aproveitar um pouco da vida com dignidade. Talvez um grupo desses manifestantes os represente. Sim, mas este grupo não é mostrado pela mídia, que prefere mostrar os vândalos, as bandeiras partidárias ou os ônibus depredados.

A grande questão que emerge com força destes movimentos populares é: o quanto nós brasileiros trabalhadores somos acomodados! Achamos normal pagar mais do que R$ 3 em uma passagem de ônibus e viajar em pé, sem conforto, segurança e até mesmo dignidade. Achamos que a culpa pela nossa falta de conforto é nossa mesmo, afinal, temos que usar o ônibus no pior horário, o horário de pico. E o pior: achamos um absurdo que haja quem tome a iniciativa de protestar!

Faz-nos falta abrir a janela e observar que estamos pagando por serviços de primeiro mundo e recebendo em contrapartida serviços de país subdesenvolvido. Quantas vezes o direito de ir e vir do cidadão que utiliza o transporte coletivo não foi comprometido pelo ônibus que não passou, pelo ônibus que passou lotado e não parou no ponto ou até mesmo pelo ônibus que passou e, no meio do caminho, foi vítima de um assalto?

Muitos críticos ao movimento podem questionar o porquê de jovens com bom poder aquisitivo estarem brigando por apenas vinte centavos. Muitos nem ônibus utilizam. E desde quando não utilizar ônibus é motivo para não querer uma melhoria do sistema? Ao contrário do que muitos pensam, hoje o jovem brasileiro tem condições de acessar à Internet e em poucos minutos ver um vídeo sobre como é o sistema de transporte em qualquer metrópole de primeiro mundo. Será que muitos destes jovens não gostariam de deixar o carro na garagem e utilizar o transporte coletivo, assim como muitos outros jovens da mesma idade e com poder aquisitivo até maior fazem nos Estados Unidos, na Alemanha, no Canadá?

A mentalidade de cordeiro do brasileiro precisa ser aberta. A insatisfação do jovem brasileiro em relação ao seu país cresce cada vez mais conforme ele tem acesso à informação sobre a realidade de jovens de outros países. Com a Internet tornou-se impossível cobrir o sol com a peneira.

Temos que nos mobilizar e, assim como o governo fez até hoje com a população, não deixar barato. Cobrar tudo o que é de direito do cidadão em um mundo capitalista. Muitos empresários, governantes e até multinacionais fazem fortunas às custas da ignorância e comodismo do brasileiro: um povo que aceita pagar pelas coisas muito mais do que elas realmente valem, sem se preocupar em questionar sobre o real valor do dinheiro que é fruto do seu trabalho.

Deixamos algum material para que você que ainda não parou para pensar, reflita e pense se estamos agindo da maneira correta ao aceitar tudo que nos é imposto pelo governo e por tantas outras instituições que se instalam no Brasil com um único objetivo: explorar a população.

Gosta das suecas Scania e Volvo? Então conheça como vivem os políticos da Suécia:

Transporte Coletivo no Canadá. Sem filas, sem empurra-empurra, sem briga por poltrona.

E no Horário de Pico?

Sobre automóveis:

Desabafo de um brasileiro trabalhador em viagem para os Estados Unidos. Alexandre High Torque é mecânico especializado em automóveis, dono de uma oficina no Brasil e tem um canal muito popular no YouTube sobre mecânica automotiva. Mais um brasileiro que conhece muito sobre carros indignado com a diferença de preços e qualidade da infraestrutura viária.